Investimento recorde de R$ 59 bilhões até 2029 marca nova fase da Cemig | Cemig

Os números refletem as mudanças implementadas pela nova gestão, iniciada em 2020, que promoveu uma reestruturação centrada na eficiência, na responsabilidade fiscal e na visão de longo prazo. “Estamos aperfeiçoando a infraestrutura hoje para garantir a sustentabilidade no futuro. Com baixa alavancagem, dívida indexada ao CDI, sem exposição ao dólar e grande parte dos recursos já contratados, a empresa está pronta para seguir crescendo com solidez”, diz Reynaldo Passanezi Filho, presidente da companhia.

Segundo ele, mais de 75% dos recursos estão sendo direcionados à expansão e à modernização das redes, com destaque para os programas Mais Energia e Minas Trifásico. Já foram entregues 135 das 200 novas subestações previstas e serão construídos 30 mil km de redes trifásicas. Também houve o lançamento do Cemig Agro, que prevê 76 novas bases de atendimento ao setor rural e, em breve, será inaugurado o primeiro sistema DERMS da América Latina, plataforma de software program que auxilia operadores de redes de distribuição a gerenciar e otimizar o uso de recursos energéticos distribuídos. Além disso, está prevista a primeira cidade off-grid do Brasil, que utiliza sistemas de geração de energia autônomos — geralmente solares —, em Serra da Saudade.

“Reposicionamos o negócio para servir melhor o estado mineiro, modernizando os serviços e elevando os padrões de atendimento”, afirma Passanezi. Ele destaca que os principais focos continuam sendo a execução do plano de investimentos, o aperfeiçoamento da experiência do cliente e a preparação para a abertura do mercado livre de energia, inclusive para consumidores residenciais. “Já somos líderes nesse mercado e estamos modernizando a infraestrutura de distribuição para permitir a integração de mais fontes renováveis, com redes inteligentes, resilientes e digitais”, adianta Passanezi.

Quando a transformação começou, a empresa vivia o momento mais difícil de sua jornada, com a pior alavancagem: uma relação dívida líquida/Ebitda de 5x, prejuízo acumulado de R$ 4,9 bilhões em despesas acima do limite regulatório, perdas de energia de R$ 2,8 bilhões. “Havia risco actual de insolvência, com uma dívida de R$ 13 bilhões, elevada exposição ao dólar e necessidade urgente de captação externa”, lembra.

Com as novas medidas adotadas, a dívida líquida foi reduzida em 25%; a exposição ao câmbio foi zerada; a alavancagem caiu 74%, chegando a 1,3x; e os gastos regulatórios foram revertidos. Assim, a Cemig acumulou R$ 636 milhões em despesas regulatórias.

Segundo Passanezi, o novo ciclo exigiu uma mudança profunda de mentalidade, com um olhar focado em Minas. “Isso significou rever os erros do passado, quando a Cemig priorizou participações minoritárias em negócios fora do estado, enquanto deixava a rede native sucateada, com pouco investimento, abaixo até do valor de depreciação”, explica.

A saída de ativos como Mild (RJ), Renova (BA) e a participação em Santo Antônio (PA), por exemplo, foram planejadas e feitas em momentos estratégicos, antes de recuperações judiciais e prejuízos bilionários. Isso evitou perdas e permitiu direcionar capital para o core enterprise. “Foi uma guinada decisiva para elevar a qualidade do serviço prestado e reverter a percepção do mercado sobre a companhia”, afirma.

Essa reestruturação resultou em melhorias nos índices regulatórios, queda do DEC e do FEC, aumento da lucratividade e recuperação da confiança da sociedade mineira.

Na visão do executivo, essa transformação é resultado de uma estratégia clara: colocar o cliente no centro das decisões. “Uma empresa só é boa para seus investidores quando é boa, antes de tudo, para seus clientes. Esse foi o ponto de virada”, diz.

Com os avanços consolidados, a projeção é de um futuro com disciplina e inovação. “O mais importante agora é manter o compromisso com os mineiros. A Cemig se reinventou e está pronta para seguir crescendo, investindo e inovando com segurança, responsabilidade e visão de futuro”, afirma Passanezi.