O mercado imobiliário de São Paulo tem assistido a uma polêmica envolvendo os apartamentos compactos exclusivos para locação temporária, previstos no Plano Diretor do município. A prefeitura anunciou mais rigor na fiscalização dos projetos e criou um deadlock: como manter essas unidades atrativas para o investidor? A solução pode estar no “multifamily”, modelo de locação em que o condomínio é operado por uma única empresa. Na avaliação de Carolina Burg, CEO da Antonella Realty, consultoria de “actual property” especializada em ativos para renda, o formato agrega valor ao produto e consegue melhorar a rentabilidade do ativo.
Como o “multifamily” pode melhorar a gestão desses imóveis?
Carolina Burg — O modelo ajuda a organizar as unidades em um bloco único, com uma gestão profissional. Com apartamentos mobiliados e serviços, cria-se um conceito que agrega valor ao imóvel. Além disso, o controle whole sobre o condomínio permite trabalhar melhor a precificação, garantindo mais rentabilidade ao investidor.
E como enquadrar essas unidades no formato?
Nos projetos em desenvolvimento, o primeiro passo é garantir o controle único do condomínio e definir o conceito. Criar um bloco organizado, com todas as unidades na mesma proposta. Depois, planejar a infraestrutura do prédio para receber esse tipo de operação residencial com serviços. Por fim, pensar no tamanho das unidades: uma de 18 metros quadrados na Faria Lima vai alcançar a melhor rentabilidade? Vai atrair o melhor pagador? Ele se adequa ao produto formatado?
E no caso das unidades vendidas no varejo?
Tentar reaver o controle do condomínio, agrupando todas as unidades em um bloco com gestão única e profissional. O problema da venda individualizada é que cada comprador faz o que quer com seu imóvel, tanto do ponto de vista do structure interno, quanto de preço. Esse investidor particular person está mais preocupado em manter a ocupação do que ter rentabilidade máxima.
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Como avalia o segmento “multifamily” em São Paulo?
É um mercado com muito potencial para crescer. Para isso, é muito importante ter o produto certo, que se encaixe dentro do modelo, e contar com um bom operador, para gerar valor.
Quais os desafios para acelerar o crescimento deste mercado?
No atual momento, as taxas de juros elevadas e a falta de dados públicos históricos que demonstrem aos investidores entrantes a validade do modelo. Em um cenário de juros altos, este investidor prefere reduzir seu risco e apostar em produtos que já conhece ou que ofereçam informações objetivas sobre o retorno do negócio. Isso ainda falta ao “multifamily” no país.
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A Antonella Realty acaba de inaugurar seu primeiro empreendimento – o exclusivo HeGe Jardins. O “multifamily” funciona melhor para o público de alta renda?
O modelo funciona para todas as courses sociais. A opção para esse ativo específico foi feita de acordo com a localização do prédio, perfil do produto e do morador da região. É preciso avaliar o potencial de crédito dele e adaptar o produto a essa realidade. O “multifamily” para alta renda não necessariamente oferece o melhor retorno, mas é o de menor risco.
Quais adaptações foram feitas no edifício para se adequar ao modelo de locação por temporada?
Demos sorte porque esse parceiro, a Tael Incorporações, já estava construindo o empreendimento pensando como ativo para renda. Mas sugerimos ajustes nas plantas das unidades para deixá-las mais confortáveis. Adaptamos as áreas comuns para receber o espaço gourmand, onde é servido o café da manhã diariamente, uma sala de massagem maior e um estoque para o enxoval das unidades. Os 47 apartamentos foram entregues mobiliados e equipados, com conceito de interiores desenvolvido pela C.K. Arquitetura. No fim do dia, o que se tem no “multifamily” é um apartamento residencial pronto para morar e bem localizado em São Paulo. É um ativo líquido, de muita resiliência e que traz um bom retorno ao investidor ou incorporador. Por isso, é um ótimo negócio.