Wednesday, June 4, 2025
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Ações ligadas à economia doméstica têm bom desempenho e superam Ibovespa | Finanças

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Os últimos pregões de queda na bolsa brasileira foram insuficientes para apagar o bom desempenho das ações ligadas à dinâmica da economia doméstica.

O índice de empresas do setor imobiliário encerrou maio com valorização de 7,2%, enquanto o de consumo subiu 2,4% e o de companhias de menor capitalização (“small caps”) ganhou 5,9%. No ano, esses referenciais exibem retornos de 40,6%, 25,1% e 24,7%, respectivamente — acima dos 13,9% do Ibovespa, do CDI acumulado (5,26%) e do IPCA (2,9%) projetado até aqui.

Alguns gestores atribuem a valorização recente do Ibovespa a um certo deslocamento de recursos dos Estados Unidos para outros mercados, beneficiando o Brasil no bloco dos emergentes. Até o dia 28, o capital externo trouxe R$ 22 bilhões para o secundário da B3 — R$ 11,5 bilhões só em maio.

Mas, num primeiro momento, os estrangeiros privilegiam as ações mais líquidas e de maior capitalização de mercado, caso das “blue chips” Petrobras e Vale, além dos papéis do setor financeiro. “O investidor internacional não costuma entrar em small caps, historicamente tem clara preferência pelas ‘giant caps’ [grandes companhias]. Quem está comprando também não é o varejo, só resta o gestor de recursos que tem experiência para capturar um retorno em excesso”, diz João Piccioni, executivo-chefe de investimentos (CIO) da Empiricus Gestão.

Isso a despeito da falta de dinheiro novo para irrigar as carteiras que podem investir em bolsa. Os multimercados registram neste ano resgates líquidos de R$ 74,3 bilhões, e os fundos de ações, de R$ 35,3 bilhões, segundo dados da Anbima até o dia 26.

Piccioni vê uma likelihood, contudo, de o investimento estrangeiro em portfólio aumentar à medida que investidores globais procuram belongings locais para mandatos de gestão ativa em bolsa. “O pouco que vem, seja US$ 100 milhões, já é muito para Brasil.” Ele diz que a gestora chegou a ter sondagens do tipo pela experiência com small caps.

João Braga, sócio-fundador da Encore, já esperava a continuidade do fluxo internacional para ações brasileiras, diante da sobrealocação nas bolsas dos Estados Unidos que persistiu por longos anos. Ele diz ver fundos estrangeiros aumentando a exposição em Brasil e também observa alguns processos em curso para contratação de gestoras locais. O imbróglio com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), aparentemente, não atrapalhou.

“É o que eu chamo de ‘what else’, o gringo pensando no que tem aí pelo mundo. O Brasil é um país que acabou o seu ciclo de alta de juros, onde os resultados das empresas estão bons, os múltiplos no ‘low ever’ [baixa histórica] e que está totalmente fora da bagunça de guerra comercial”, afirma Braga.

Ponto curioso, nota o gestor, é que teve dinheiro externo saindo inclusive de Petrobras e Vale para comprar ações de consumo, a exemplo de Arezzo. A área de pesquisa de grandes instituições tem recomendado o papel, mas não é só isso, diz. “Acho que é mais o ‘name’ de diversificação fora dos Estados Unidos.”

Luis Felipe Amaral, sócio-fundador e principal executivo (CEO) da Drýs Capital (antiga Equitas), afirma ainda não ter investidor estrangeiro batendo à sua porta, mas que ações domésticas mais líquidas estão atraindo recursos nas compras diretas, a exemplo de Localiza, Renner, Equatorial, Sabesp e Rede D’Or. “É o commerce de ‘Brazil is again’ [de volta ao jogo].”

Ele acrescenta que é o combo de juros no pico — o próximo movimento seria de queda —, com resultados nas mínimas e a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em baixa que tem chamado atenção. A leitura é que pode haver espaço para um nome de centro-direita no Planalto. Além disso, os múltiplos de Brasil estão muito deprimidos, com a relação preço/lucro (P/L), que dá uma ideia do prazo de retorno do capital, por exemplo, com um desconto próximo da maior diferença histórica em relação aos EUA. “Esta combinação é muito ‘bullish’ [otimista] para as ações domésticas”, afirma Amaral.

Segundo reporte do Financial institution of America Merrill Lynch, na semana houve entradas de US$ 2 bilhões em mercados emergentes. “Temos argumentado que uma reversão do excepcionalismo americano poderia transferir fluxos dos EUA para o resto do mundo, mas ainda não observamos uma rotação sustentada para ativos de mercados emergentes”, escreve a equipe de pesquisa para América Latina. Os fundos dedicados, exceto a China, acumulam saídas de quase US$ 11 bilhões no acumulado do ano.

 — Foto: Imagem de Freepik
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