Sunday, December 21, 2025
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Com mudança na Previ, BB completa renovação no grupo | Finanças

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A renúncia de João Luiz Fukunaga à presidência da Previ, anunciada na sexta-feira (17), completa a série de renovações no comando das principais empresas do grupo iniciada em julho pela presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. O troca-troca incluiu BB Asset, a maior gestora do país, com quase R$ 1,8 trilhão sob gestão, BB Seguridade, Brasilseg, BB Americas e BB Tecnologia e Serviços (BBTS). Na Brasilcap, a presidente efetivou no comando em setembro Antônio Carlos Teixeira, interino desde maio de 2024.

No início do ano, chegaram a round rumores de que Medeiros sairia do cargo para dar espaço a algum indicado do Centrão, emblem após a eleição de Davi Alcolumbre à presidência do Senado, mas ela permaneceu firme na posição, mesmo após a piora no resultado do BB no segundo trimestre.

Na ocasião, o BB registrou lucro líquido de R$ 3,7 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo período do ano passado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não tem dado sinais de insatisfação com o trabalho de Medeiros à frente da instituição financeira, presidida por ela desde o início do atual governo.

“Nosso foco está em alinhar perfis de liderança às exigências de cada negócio, considerando critérios técnicos, experiência de carreira e aderência às diretrizes corporativas”, disse ela em nota ao anunciar, em um só dia, as alterações em julho.

A presidente do BB, Tarciana Medeiros — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
A presidente do BB, Tarciana Medeiros — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Fukunaga apresentou sua renúncia em reunião do Conselho Deliberativo do fundo de pensão dos funcionários do BB, depois de longa fritura. Em seu lugar, assumirá Márcio Chiumento, atual diretor de participações da entidade, por indicação de Medeiros. Fukunaga vai ocupar a diretoria de Relações Governamentais e ASG da EloPar, holding formada por Bradesco e Banco do Brasil. A Previ é o maior fundo de pensão do país, com mais de R$ 270 bilhões em patrimônio.

O agora ex-presidente da Previ assumiu em 2023, por escolha de Medeiros, cercado de críticas por seu histórico de sindicalista. Formado em História, com mestrado em História Social, é funcionário do BB desde 2008 e, em 2012, foi do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador nacional da Comissão de Negociação dos Funcionários do BB.

Primeiro sindicalista a chefiar o fundo desde 2010, seu mandato iria até 31 de maio de 2026. Mas em fevereiro deste ano o clima piorou depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou auditoria nas contas do fundo, por causa de um déficit em 2024, já revertido neste ano. O relator do processo, ministro Walton Alencar Rodrigues, citou supostos “indícios de irregularidades” diante da drástica queda de rentabilidade do Plano 1, o maior e mais antigo da fundação, com R$ 233 bilhões em investimentos e 106 mil associados.

A compra de participação acionária na Vibra, por exemplo, foi questionada, por supostamente ter contrariado a politica do fundo de reduzir a exposição a renda variável. A operação ultrapassou R$ 1 bilhão, em recursos do Plano 1. A Previ afirma que os recursos vieram de desinvestimentos realizados de outras 57 empresas nas quais encerrou participação. “A maior parte foi alocada em compras de renda fixa, mais especificamente de títulos NTN-B, que também são aderentes às obrigações do Plano 1.”

O plano havia encerrado 2024 com déficit de R$ 3,16 bilhões, mas neste ano voltou ao azul, com superávit acumulado no ano de R$ 1,48 bilhão até agosto. “Nunca houve rombo de qualquer tipo, os resultados negativos em 2024 foram conjunturais. Nossos investimentos são feitos sempre de forma técnica e criteriosa”, afirmou Fukunaga na época da divulgação do resultado até agosto.

A fundação atribui o desempenho às oscilações de mercado de alguns de seus principais ativos, como Vale e papéis federais marcados a mercado, ou seja, acompanhando a variação diária da negociação.

Só neste ano até agosto, a Previ se desfez de cerca de R$ 7 bilhões em ações e imóveis e comprou títulos públicos indexados à inflação (NTN-Bs) com taxa média de investimento de IPCA mais 7,35% ao ano, num movimento para “imunizar” a carteira do Plano 1, em que a maior parte dos associados já está em fase de recebimento de benefícios. Desde que Fukunaga assumiu o cargo, ou seja, entre 2023 e 2025, a alocação em renda variável caiu de 32% para 18%, num whole de R$ 30 bilhões migrando para a renda fixa.

Em comunicado a participantes, na época do anúncio do TCU, a Previ afirmou que “na verdade, essa questão teve início em agosto de 2024, quando o TCU julgou uma ação que questionava a indicação de João Fukunaga ao cargo de presidente da Previ. Apesar de decidir que a indicação obedeceu às regras para exercício do cargo, na ocasião, o relator do processo solicitou uma auditoria”.

Também destacou que, em sua história, nunca houve cobrança de contribuições extras para cobrir eventuais déficits e que todas as decisões de investimento são feitas em colegiado composto pelo presidente e por outros cinco diretores.

O Conselho Deliberativo da Previ já deu início ao processo para a posse do novo presidente. Formado em Direito e funcionário do Banco do Brasil desde 2000, Chiumento liderou as áreas de clientes, estratégia e produtos do segmento setor público, foi ouvidor-geral, entre outros cargos, e atualmente integra o Conselho de Administração da Neoenergia e é vice-presidente do Conselho de Administração da Tupy.

No lugar de Chiumento, Adriana Chagastelles assume a diretoria de participações, primeira mulher indicada pelo banco para um cargo executivo neste nível. Ela também é funcionária de carreira do Banco do Brasil e trabalha na Previ há quase 30 anos.

No rearranjo iniciado em julho, a escolha de funcionários de carreira da instituição foi vista como sinal de resistência às indicações políticas. Gustavo Lustosa, funcionário do BB desde 1993, assumiu a presidência da BB Asset, a maior do país, no lugar de Denísio Liberato, também antigo nos quadros do BB e primeira pessoa negra a assumir o cargo na história da gestora. Para o lugar de Lustosa foi Paulo Andre Rocha Alves, até então gerente geral da diretoria de tecnologia.

Delano Valentim Andrade, ex-BB Americas, foi indicado para a BB Seguridade, e Marcelo Labuto, que chegou a presidir o Banco do Brasil em 2018, retornou ao conglomerado para comandar a Brasilseg, que faz parte da holding BB Seguridade. No BB Americas assumiu Mario Matsumoto Fujii, que ocupava o cargo de gerente geral do banco em Nova York e Miami desde 2022, responsável pela América do Norte. (Colaboraram Renan Truffi, Sofia Aguiar e Guilherme Pimenta, de Brasília)

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