O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que a sociedade brasileira e as instituições derrotaram o discurso de que não existe o racismo estrutural. A fala ocorreu durante o Pageant Negritudes, realizado em Brasília, nesta quinta-feira (29).
“Eu acho que nós derrotamos o autoengano de que não havia racismo estrutural e, hoje, estamos todos procurando enfrentar o racismo estrutural de uma maneira corajosa”, declarou o ministro.
A definição do conceito de racismo estrutural é descrita por acadêmicos e se refere à discriminação racial enraizada nas instituições, práticas e normas sociais, que, como consequência, perpetua desigualdades e privilégios.
O presidente da Corte participou da mesa que encerrou o pageant e teve como tema “o audiovisual como aliado na garantia de direitos”. O debate foi mediado pelo jornalista da TV Globo, Heraldo Pereira, e também teve a presença do ministro Benedito Gonçalves do Superior Tribunal de Justiça (STJ), da ministra Edilene Lobo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do ator Lázaro Ramos e da cantora Teresa Cristina.
O ministro Barroso também ressaltou que o papel do audiovisual, como da arte, deve conscientizar, entreter, alegrar, “tocar o coração e despertar as emoções das pessoas”. “Eu acho que o audiovisual tem o papel importante de se comunicar adequadamente com as pessoas na linguagem que as pessoas são capazes de entender”, citou.
Barroso ainda ressaltou que na sociedade brasileira atual os discursos de ódio ocupam mais espaços e ganham mais repercussão e engajamento, em referência às redes sociais. O ministro ponderou que existe a necessidade de buscar a afetividade e discursos de paz.
O ator Lázaro Ramos destacou em sua fala que o audiovisual e a cultura não se limitam à questão simbólica ou de informação. Ele afirmou que a cultura deve ser vista também do ponto de vista estratégico para o desenvolvimento do país, principalmente, considerando a questão de regulação, de direitos e a relação econômica.
“O nosso setor [da cultura], hoje em dia, por exemplo, passa por um momento que o streaming não é mais regulado no nosso país”, disse. O ator lembrou que os contratos dos trabalhadores desse segmento estão mais precarizados e as empresas de produção audiovisual estrangeiras se aproveitam da limitação da regulação. Na roda com ministros do Judiciário, Ramos cobrou ações das autoridades.
O Pageant Negritudes é realizado pela primeira vez em Brasília. O evento é realizado pela Globo em parceria com o Prêmio Innovare.
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