O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um decreto que estabelece regras para o uso progressivo da força por agentes policiais e prevê a aplicação de instrumentos de menor potencial ofensivo pelas polícias. A medida foi publicada hoje no “Diário Oficial da União (DOU)”.
O texto, elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, regulamenta uma lei já vigente. Encaminhado à Casa Civil no início deste mês, a iniciativa se insere num contexto no qual diversos casos de abuso policial vieram à tona no país, especialmente em São Paulo.
Embora as polícias sejam ligadas aos governos estaduais, o decreto incentiva a aderência às regras definidas pelo governo federal. Pelo texto, repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional para as ações que envolvam uso da força pelos órgãos de segurança pública locais estão condicionados ao cumprimento das diretrizes da normativa.
Segundo o texto, um recurso de força “somente poderá ser empregado quando aqueles de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos”. “A força deve ser empregada com bom senso, prudência e equilíbrio, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, visando atingir um objetivo legítimo da aplicação da lei”, informa o decreto.
O documento estabelece ainda, que cabe ao ministério editar normas complementares sobre o uso da força e instrumentos de menor potencial ofensivo; desenvolver, com a participação dos órgãos de segurança pública, materiais de referência para subsidiar a implementação desta diretriz, especialmente quanto ao uso de algemas, à busca pessoal e domiciliar e à atuação em ambientes prisionais.
Em outra frente, o decreto busca estabelecer diretrizes para dar transparência em casos de operações policiais com consequências violentas. Segundo o texto, “sempre que o uso da força resultar em ferimento ou morte, deverá ser elaborado relatório circunstanciado, nos termos a serem definidos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública”.
O texto elaborado pela Justiça também institui o Comitê Nacional de Monitoramento do Uso da Força (CNMUDF), que visa “monitorar e avaliar a implementação das políticas relativas ao uso da força estabelecidas no decreto”.
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