Horas depois da entrada em vigor das chamadas tarifas “recíprocas” e da megatarifa de 104% sobre produtos chineses, a China anunciou uma resposta dura contra as medidas: o gigante asiático vai impor tarifas de 84% sobre bens dos Estados Unidos. A medida deve trazer mais volatilidade e incerteza para os mercados na sessão desta quarta-feira.
Depois da nova retaliação anunciada pela China, por volta das 8h15, o Stoxx 600 tinha queda de 2,91%, enquanto os futuros de S&P 500 caíam 1,25% e os futuros do Nasdaq cediam 0,93%. Já o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, recuava 0,66%, a 102,272 pontos.
No Brasil, o embate duro travado entre Estados Unidos e China deve ter efeito negativo sobre moedas e ativos de risco ligados à economia chinesa, como o Brasil. Emblem, o dia deve ser de nova alta do dólar frente ao actual e de queda do Ibovespa. Da mesma forma, os juros futuros devem avançar, em linha com a subida vista nos rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano).
Durante a madrugada, a entrada em vigor das tarifas recíprocas e da supertarifa sobre a China abalou um mercado visto como porto seguro durante a forte saída de investidores de ações americanas: o de Treasuries (títulos do Tesouro americano).
Durante a madrugada, a taxa do T-bond de 30 anos chegou a subir a 5%, em uma escalada expressiva. O movimento teve início ontem, quando os juros de longo prazo americanos começaram a subir de maneira mais acentuada.
Diante de uma “corrida pela liquidez” nos mercados com a entrada em vigor do “tarifaço”, o “unfold” entre os rendimentos dos títulos públicos e os swaps de juro despencaram desde ontem, o que provocou uma venda de Treasuries no mercado secundário como forma de aumentar a diferença entre as duas taxas.
A escalada expressiva dos rendimentos dos Treasuries ajuda a gerar questionamentos sobre as probabilities de uma eventual intervenção do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na renda fixa.
Hoje, investidores acompanham a divulgação da ata do Fed que pode trazer detalhes sobre os próximos passos da autoridade monetária em um momento delicado. Segundo agentes financeiros, o banco central americano terá a difícil tarefa de balancear os efeitos negativos do tarifaço sobre a atividade americana e de monitorar uma eventual alta da inflação provocada pela política tarifária dos EUA.
Com o estresse nos títulos públicos americanos, agentes financeiros voltaram-se na sessão de hoje para ativos tradicionalmente considerados seguros, como ouro, iene e franco suíço.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2025/g/B/ATP3YGT4uxZUGM9spg7Q/photo-1638481826540-7710b13f7d53.avif)