O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da ação penal em que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) é ré por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, votou nesta sexta-feira para que a parlamentar perca o mandato. O julgamento ocorre em plenário digital, começou às 11h desta sexta-feira e segue até às 23h59 do dia 28. Até o momento, a ministra Cármen Lúcia acompanhou o relator.
O caso em questão ocorreu na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando Zambelli perseguiu um homem pelas ruas de São Paulo com a arma em punho, após ter sido provocada por ele a respeito do pleito daquele ano.
Em seu voto, o relator observou que o fato de Zambelli possuir autorização para portar a arma não afasta o dever de ter responsabilidade do uso adequado dela e usá-la conforme a regulamentação. O ministro reforça que as provas demostram que a deputada não usou a arma para defesa, “mas, sim, para perseguir o ofendido já em rota de fuga”.
Segundo o ministro, “o porte de arma de fogo para defesa pessoal não se presta a autorizar que a portadora persiga outras pessoas em by way of pública com sua arma de fogo, ainda que supostos criminosos, em situações nas quais sua integridade física ou a de terceiros não está em risco”.
Gilmar observou, no entanto, que os elementos apresentados nos autos são suficientes para aplicar a compensação por dano ethical coletivo.
Procurada pelo Valor, a deputada informou que tem “complete confiança” na Justiça. “Acredito que, com o esclarecimento completo dos fatos, minha inocência será comprovada.”
A denúncia contra a deputada foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e recebida pelo Supremo em agosto de 2023. Se for condenada, a parlamentar ainda poderá recorrer da decisão.
Em 30 de janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou o diploma de deputada federal de Zambelli, por ela divulgar informações falsas sobre o sistema eleitoral. A decisão também a tornou inelegível por oito anos a partir do pleito de 2022. A medida cabe recurso.
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