Friday, July 25, 2025
HomeWorld NewsSuspensão das exportações por caso de gripe aviária pode baixar preço do...

Suspensão das exportações por caso de gripe aviária pode baixar preço do frango no Brasil, diz economista | Brasil

-


Com a descoberta do primeiro foco de gripe aviária em uma granja no sul do Brasil, os primeiros efeitos econômicos envolvem o acúmulo de estoques, com a suspensão das exportações, o que pode gerar queda futura no preço do frango no Brasil, avalia o economista e sócio da MB Associados José Roberto Mendonça de Barros.

O setor avícola brasileiro entrou em estado de alerta após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmar a presença do vírus influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), conhecido como gripe aviária, em uma granja de Montenegro, no Rio Grande do Sul, na última sexta (16).

O Brasil ainda não havia registrado a presença do vírus em aviários. Os casos no país, até o momento, segundo o Ministério da Agricultura, haviam sido em aves silvestres e criações de subsistência, todos a partir de 2023.

“Aqui, como em outros lugares do mundo, todo ano chegam milhares de aves migratórias, muitas das quais com o vírus. Durante três anos, nós fomos o único país cuja produção não sofreu interrupção por conta disso. Seguramente, o aumento da nossa importância e participação no mercado international de aves tem a ver com isso”, diz Mendonça de Barros, que foi também secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Rio Grande do Sul é um exportador razoável, mas não é o coração do sistema de exportação, diz Mendonça de Barros — Foto: Silvia Costanti/Valor
Rio Grande do Sul é um exportador razoável, mas não é o coração do sistema de exportação, diz Mendonça de Barros — Foto: Silvia Costanti/Valor

O anúncio da doença contagiosa no estabelecimento comercial com mais de 17 mil aves matrizes causou o isolamento da área para dar início ao protocolo sanitário e a declaração de estado de emergência zoossanitária no município gaúcho por 60 dias.

Apesar disso, o economista ressalta que, como a cadeia de produção brasileira é racionalmente concentrada em grandes empresas e cooperativas, os impactos econômicos não devem ser tão relevantes no curto prazo, desde que novos focos não apareçam. “Dá tempo de recuperar tudo o que deixou de ser exportado ao longo do resto do ano, nós estamos em maio ainda”.

“Como o consumo não é afetado, você tem o remanejamento dos fluxos de exportação, e o Rio Grande do Sul é um exportador razoável, mas não é o coração do sistema de exportação”, diz. “Tem uma descontinuidade temporária, mas o custo não não vai ser tão grande”, explica.

De acordo com dados de 2024 da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Rio Grande do Sul concentra 11,5% dos abates de frango, ficando atrás do Paraná (39,3%) e de Santa Catarina (13,9%). Na visão do ex-secretário, os produtores paranaenses e catarinenses devem absorver a demanda que period atendida pela produção gaúcha enquanto vigorar a paralisação.

Além das medidas tomadas pelas autoridades brasileiras, Argentina, China, União Europeia, México, Chile e Uruguai decidiram suspender as importações do Brasil. Nesse sentido, o montante que não vai ser exportado deve ser destinado ao mercado interno, o que, na visão de Mendonça de Barros, pode causar uma queda no preço do frango.

“Por mais rápido que seja e por menor que seja o acúmulo de estoques, vai ter uma oferta que vai entrar no mercado interno e que não estava programada para entrar. Em princípio, o consumidor vai ser beneficiado por uma queda que deve aparecer nos preços rapidamente. Esse ciclo é muito rápido e, talvez, durante dois meses a gente vai ver isso”, diz.

Para o economista, ainda é cedo para dizer por quanto tempo as suspensões vão se manter, mas o primeiro passo é fazer com que os países limitem o embargo apenas ao Rio Grande do Sul, para que o resto da produção nacional não seja tão afetada. Hoje, o Estado corresponde a 13,4% das exportações.

“Os países, principalmente a China, começam a liberar cautelosamente em um mês ou dois meses o fluxo de exportações. Isso vai ser chave. Se o bloqueio de exportações ficar por muito tempo, vai ter um um resultado no alojamento do emprego, porque o ciclo desses alojamentos é muito muito rápido, de 40 a 60 dias”, afirma.

Ainda assim, Mendonça de Barros pondera que é cedo para avaliar o actual impacto nos empregos. Hoje, o setor emprega cerca de 213 mil trabalhadores da porteira para dentro, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

O fato do Brasil estar no início de uma boa safra de grãos também ajuda neste cenário, na visão do economista, por um momento favorável no preço da ração das aves, o que favorece a reorganização das exportações a nível nacional. “O maior custo da produção de aves, que é a ração, não está num momento de pressão e elevação de custos. Ao contrário, é um bom momento do ponto de vista das margens na produção avícola”.

O economista relembra os dois casos de vaca louca registrados no Brasil em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso, como exemplos em que o país conseguiu se recuperar sem grandes problemas. “Teve um bloqueio temporário das exportações e, à medida que os exames mostraram que period um caso excepcional, tudo voltou lentamente à normalidade. Hoje, ninguém lembra desses casos”.

Related articles

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Stay Connected

0FansLike
0FollowersFollow
0FollowersFollow
0SubscribersSubscribe

Latest posts